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Como produzi e dirigi Stemmer

Publicado em: 14 de junho de 2021
Foto da equipe de gravação do filme Caspar Erich Stemmer

Seja ficção, seja documentário, fazer um filme é realizar um sonho, dar vida a uma ideia, tornar real algo que habitava apenas a sua imaginação. A história do filme Caspar Erich Stemmer começa pela curiosidade despertada em conversas sobre as origens do Polo de Tecnologia de Florianópolis, enquanto realizávamos o filme Ilha Inovação Sustentável e ouviamos diversos engenheiros e empresários se referirem a Stemmer como se fosse quase um mito. 

Comecei a procurar informações sobre ele e encontrei apenas um livro escrito por Arno Blass. Conversei com as pessoas que trabalharam e conviveram com ele e os relatos giravam geralmente em torno de sua atuação profissional. Falei com seus três filhos e fiquei conhecendo como era a sua vida em família. Encontrei algumas fotos, uma fita cassete com uma entrevista feita com ele por uma pesquisadora e alguns filmes feitos pela universidade em que ele aparece em algumas cenas. Ele não era uma pessoa vaidosa e não fazia questão de se fazer registrar.

Diante disso, eu me perguntava que filme eu conseguiria fazer com os materiais que eu tinha, como eu contaria a história desse homem, como deveria ser este filme para que ficasse à altura da importância de suas ações e como deixá-lo original e interessante.

Eu costumo buscar inspiração em outros filmes, mergulho em alguns processos criativos, traço algumas estratégias narrativas a partir dos elementos que tenho, fico aberto a sinais e ouço ideias de pessoas que estão próximas a mim. O roteiro costuma nascer um pouco por cada um desses caminhos. No caso do documentário Caspar Erich Stemmer, duas sugestões de profissionais que estavam ao meu lado foram fundamentais. A primeira delas, a sugestão do diretor técnico, Murilo Souza, de convidar o professor Fábio Xavier para conduzir as entrevistas e a segunda, da diretora de produção, Amanda, para fazer uma analogia com a natureza, utilizando como referência o livro A vida Secreta das Árvores, de Peter Wohlleben. Aos poucos nascia o roteiro.

A Equipe

Minhas equipes de filmagem costumam ser pequenas, um operador para cada câmera, uma diretora de produção, uma assistente de direção e um técnico de som. A equipe técnica de cinema é bastante peculiar, pois cada um dos membros é um artista. Mais que operar equipamentos ou executar tarefas administrativas, precisam criar imagens, sons, cenários e contribuir, com suas habilidades e conceitos particulares, na construção de cada cena e do filme como um todo. O papel do diretor, neste sentido, aproxima-se ao de um maestro, aquele que precisa manter cada membro da equipe executando a mesma obra, deixando que cada um coloque a sua energia, o seu conceito, as suas ideias, as suas contribuições estéticas e artísticas, no entanto mantendo a direção, o rumo e corrigindo desvios, quando necessário.

Murilo Souza teve um papel de destaque na realização de Caspar Erich Stemmer. Ele entrou para a Geofilmes na etapa final do documentário Ilha Inovação Sustentável, quando forneceu imagens de Florianópolis gravadas por ele com um drone. Depois ele passou a integrar a equipe do Ilha como designer e ingressou na equipe do Stemmer ainda na fase de projeto. Para o novo filme, ele propôs diversas inovações, como gravar com três câmeras, usar resolução 4k, gravar em S Log2, usar o formato de quadro cinemascope, tentar fazer o áudio em 5.1 e editar o filme com o Davinci Resolve. As propostas eram interessantes, pois representariam mais qualidade técnica, mas representavam também risco, considerando o baixo orçamento do filme e a falta de experiência da equipe com estas configurações tecnológicas. 

Após algumas conversas e testes, decidimos investir nas propostas do Murilo, exceto no áudio 5.1, que exigiria mais testes e mais conhecimento, e foi uma decisão acertada. Ele se responsabilizou pela configuração das câmeras, pela captação do áudio, por toda a finalização do filme, principalmente pelo color grading e pela mixagem, e pelo design gráfico do filme.

Os demais membros também tiveram, cada um, a sua importância. A sensibilidade da fotografia de Vitor Hoffmeister e Douglas Sielski, a assistência de direção segura da Isabele Orengo e a produção eficiente da Amanda. Uma equipe harmônica que trabalhou unida durante aproximadamente dois meses, no segundo semestre de 2019.

Foto da equipe de gravação do filme Caspar Erich Stemmer
Making Off

As gravações

Encontrar os entrevistados e gravá-los é sempre um momento muito especial. Optei por gravar não apenas seus depoimentos em locais especiais, preferencialmente fora de seus ambientes de trabalho, mas também apresentá-los em seus espaços pessoais, como suas casas, oficinas, jardins ou terrenos, fazendo o que gostam e valorizando suas vidas enquanto representantes daquele sobre quem falam.

O filme usa como linha de condução dramática a pesquisa fictícia realizada por Fábio Xavier, um jovem professor do curso de engenharia da UFSC, com o auxílio de alguns de seus alunos. Para ressaltar a importância da universidade na vida do ex-reitor, gravamos diversas cenas nos laboratórios da UFSC e em seus espaços externos e, além disso, registramos algumas cenas em florestas, para dar destaque àquilo que Stemmer tanto amava, as árvores.

Roteiro final e edição

A edição foi feita no difícil ano de 2020, durante a pandemia. A primeira etapa foi a decupagem das entrevistas, assistir cada uma, listando e classificando os assuntos abordados por cada entrevistado em uma planilha do excel. 

Esta planilha permitiu uma visão geral de todo o conteúdo das entrevistas. A partir desta organização tornou-se mais fácil construir uma linha narrativa, dispondo os assuntos em uma determinada sequência. Aos poucos, surgia um novo roteiro, um pouco diferente daquele inicial.

Antes de ir para a timeline do Davinci e começar a edição, eu decidi construir uma espécie de quebra cabeças com todas as peças que eu tinha. Eu separei fotogramas de cada cena e as levei para uma tela branca onde eu podia dispô-las da maneira que eu desejasse, juntamente com fotos, textos e anotações. Para essa tarefa eu usei um software chamado Miro. Este procedimento permitia uma visão geral e facilmente eu podia mudar cenas de lugar, inserir ou eliminar elementos, comparar tamanhos de cena, sentir o ritmo do filme e muito mais.

Miro Stemmer

Finalmente, eu fui para o Davinci, colocar em prática o que eu tinha planejado na tela do Miro. Esta é a fase em que as peças são encaixadas e que exige uma série de técnicas e recursos para que as falas fiquem fluidas, façam sentido, tenham coerência, se mantenham naturais e façam o filme avançar, apesar dos cortes e intervenções. A timeline aos poucos vai tornando-se extensa, complexa e com várias camadas de imagem, de textos e de áudios.

Stemmer Edição Time Line

Finalização

Terminada a edição, chega o momento de ajustar todos os detalhes, as transições entre planos e cenas, a equalização de todos os áudios para que se mantenha o mesmo volume e sem ruídos e o ajuste das cores de cada cena, para manter o mesmo nível de contraste, tonalidade e saturação o que confere ao filme uma identidade visual.

Stemmer Color Grading

Lançamento

O filme ficou pronto em 2021 e decidimos lançá-lo no youtube, no dia 22 de junho, data de nascimento de Caspar Erich Stemmer, às 20h. Para a divulgação, preparamos um trailer que pode ser assistido neste link youtu.be/A7XpCfouwHc e convidamos você para a estreia youtu.be/cHYhgfnTG9k .
Para saber mais, visite o site charlescesconetto.com/stemmer/

Capa do filme Caspar Erich Stemmer
Foto da equipe de gravação do filme Caspar Erich Stemmer

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